Oie!
Nessa semana eu mergulhei de cabeça em alguns assuntos sobre moda de luxo e tive alguns insights. Nós, pessoas da moda, sempre tendemos a ficar deslumbradas com tudo que envolve marca de luxo, moda internacional, etc. e tal.
Eu não vou bancar a hipócrita: sim, eu me deslumbro. Eu amo ler sobre as grifes, fanficar sobre as mudanças de diretores criativos, analisar desfiles e, claro, sonho em um dia ter minha própria bolsinha de marca.
Mas a moda de luxo se torna muito cafona quando é usada pra superioridade e soberba. A moda de luxo já é elitista por si só, afinal é uma parcela pequena no mundo que pode consumir esse mercado. Mas será que a gente precisa de mais exclusão ainda?
Na quinta-feira, enquanto trabalhava em uma estratégia, caí em um perfil de uma consultora de moda — não irei citar nomes por motivos muito óbvios — e, ao ver os posts dela, eu fiquei indignada. Brava, mesmo.
Porque, no final das contas, a moda de luxo ainda gira em torno de quem pode comprar x quem não pode — uma eterna briga de status. MAS! Fico brava quando certos conteúdos de moda se resumem a ditar regra sobre como o outro deve se vestir, quais tecidos deve usar, "pode usar tal joia", "não pode usar tal estampa", "tal modelagem não é elegante"…
Ter dinheiro pra comprar uma Hermès — ou ter estudo o suficiente pra falar sobre mercado de luxo — não torna ninguém mais elegante.
E, pra mim, esse é o erro de muitas pessoas que se autodenominam especialistas em moda de luxo, porque elas esquecem uma premissa básica da moda: ela é uma ferramenta de expressão pessoal. Cada pessoa tem sua personalidade, seu estilo, suas referências… nem todo mundo quer ser “elegante” com terninhos, alfaiataria e estampas minimalistas.
Numa consultoria de estilo, a tarefa principal é orientar a cliente a fazer escolhas que façam sentido pra sua vida, seus gostos e seu bolso, sem impor julgamentos que ignoram a realidade dela.
Agora imagina: você é uma pessoa que trabalha muito duro e resolve juntar uma grana pra comprar aquela peça de roupa que quer há muito tempo. Às vezes, é até uma peça de luxo que faz parte de um sonho seu. Você abre Instagram e vê uma “expert” em moda de luxo fazendo chacota daquilo que você comprou (ou planejava comprar)… ninguém merece.
Por outro lado…
Na quarta-feira, fui ao evento beneficente da Oportunidade do Bem, cliente da Giology que eu amo muito. Desde quando comecei a trabalhar com elas, há uns 2 anos, fui percebendo cada vez mais como a moda de luxo pode sim ter um papel que vai além do status e ostentação.
Para quem não sabe, a ODB é uma curadoria second-hand (ou seja, vende peças de segunda mão já usadas anteriormente) com muitos itens de grifes. A grande diferença delas para os outros brechós de luxo que existem por aí, é que 100% da renda é revertida para instituições sociais. Hoje, elas já apoiam mais de 16 ONGs e eu sinto muito orgulho em fazer parte desse projeto.
p.s.: isso não é uma publi, ok? só trouxe pra ilustrar o choque de realidade entre os dois acontecimentos na mesma semana. 😁
Eu sempre defendo muito a potência que a moda tem como ferramenta de transformação. No caso da ODB, ela transforma muitas vidas que são apoiadas socialmente; numa consultoria de estilo, ela pode transformar a autoestima e autoconfiança de alguém; e por aí vai.
Um disclaimer importante de se fazer é: tá tudo bem ter sua opinião, todo mundo tem. E achar algo feio, deselegante ou cafona tá tudo bem também.
Mas ter dinheiro e conhecimento sobre mercado de luxo não te faz melhor do que ninguém e nem te dá o direito de rebaixar ninguém.
Num país onde a desigualdade social é gritante e a cultura é tão diversa, a pessoa que ignora esses fatores pra promover um consumo de moda aprisionado e excludente não é uma pessoa elegante. Só é cafona mesmo.

Bisous 💋